quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

A Próxima Guerra no Brasil


As duas semanas em Manaus foram interessantes para conhecer um Brasil um pouco diferente, mas chegando em Boa Vista (RR) não pude resistir a fazer um relato das coisas que tenho visto e escutado por aqui.
Conversei com algumas pessoas nesses três dias, desde engenheiros até pessoas com um mínimo de instrução.
Para começar o mais difícil de encontrar por aqui é roraimense, pra falar a verdade, acho que a  proporção é de um roraimense para cada 10 pessoas é bem razoável, tem gaúcho, carioca, cearense, amazonense, piauiense, maranhense e por aí vai. Portanto falta uma identidade com a terra.
Aqui não existem muitos meios de sobrevivência, ou a pessoa é funcionária pública, e aqui quase todo mundo é, pois em Boa Vista se concentram todos os  órgãos federais e estaduais de Roraima, além da prefeitura é claro. Se não for funcionário público a pessoa trabalha no comércio local ou recebe ajuda de Programas do governo.
Não existe indústria de qualquer tipo. Pouco mais de 70% do Território roraimense é demarcado como reserva indígena, portanto restam apenas 30%, descontando-se os rios e as terras improdutivas que são muitas, para se cultivar a terra ou para a localização das próprias cidades.
Na única rodovia que existe em direção ao Brasil que liga Boa Vista a Manaus, (cerca de 800 km ) existe um trecho de aproximadamente 200 km  da reserva indígena Waimiri Atroari por onde você só passa entre 6:00 da manhã e 6:00 da tarde, nas outras 12 horas a rodovia é fechada pelos índios (com autorização da FUNAI e dos americanos) para que os    mesmos não sejam incomodados.
Detalhe I : Você não passa se for brasileiro, o acesso é livre aos americanos, europeus e japoneses. Desses 70% de território indígena, diria que em 90% dele ninguém entra sem uma grande burocracia e  autorização da FUNAI.

Detalhe II: Americanos entram na hora que quiserem. Se você não tem  uma autorização da FUNAI mas tem dos americanos então você pode  entrar... A maioria dos índios fala a língua nativa além do inglês ou  francês, mas a maioria não sabe falar português. Dizem que é comum na  entrada de algumas reservas encontrarem-se hasteadas bandeiras   americanas ou inglesas.
É comum se encontrar por aqui americano tipo “nerds” com cara de quem  não quer nada, que veio caçar borboleta e joaninha e catalogá-las, mas  no final das contas pasme, se você quiser montar um empresa para exportar plantas e frutas típicas como cupuaçu, açaí, camu-camu, etc, medicinais, ou componentes naturais para fabricação de remédios, pode se preparar para pagar “royalties” para empresas japonesas e americanas que já patentearam a maioria dos produtos típicos da Amazônia.
Por três vezes repeti a seguinte frase após ouvir tais relatos: É os americanos vão acabar tomando a Amazônia - e em todas elas ouvi a mesma resposta em palavras diferentes.  Vou reproduzir a resposta de uma senhora simples que vendia suco e água na rodovia próximo de Mucajaí: “Irão, não, minha filha, tu não sabe, mas tudo aqui já é deles, eles comandam tudo, você não entra em lugar nenhum porque eles não deixam. Quando acabar essa guerra aí eles virão pra cá, e vão fazer o que fizeram no Iraque quando determinaram uma faixa para os curdos onde iraquiano não entra, aqui vai ser a mesma coisa”. A dona é bem informada não? O pior é que segundo a ONU o conceito de nação é um conceito de soberania e as áreas demarcadas têm o nome de nação indígena. O que pode levar os americanos a alegarem que estarão libertando os povos indígenas.
Fiquei sabendo que os americanos já estão construindo uma grande base militar na Colômbia, bem próximo da fronteira com o Brasil numa parceria com o governo colombiano com o pseudo objetivo de combater o narcotráfico. Por falar em narcotráfico, aqui é rota de distribuição, pois essa mãe chamada Brasil mantém suas fronteiras abertas e aqui tem Estrada para as Guianas e Venezuela. Nenhuma bagagem de estrangeiro é fiscalizada, principalmente se for americano, europeu ou japonês, (isso pode causar um incidente diplomático).
Dizem que tem muito colombiano traficante virando venezuelano , pois na Venezuela é muito fácil comprar a cidadania venezuelana por cerca de 200 dólares. Pergunto inocentemente às pessoas; “Porque os americanos querem tanto proteger  os índios?”
A resposta é absolutamente a mesma; porque as terras indígenas além das riquezas animais e vegetais, da abundância de água são extremamente ricas em ouro (encontram-se pepitas que chegam a ser pesadas em quilos), diamante, pedras preciosas, minério e nas reservas norte de Roraima e Amazonas, ricas em PETRÓLEO.

Parece que as pessoas contam essas coisas como que num grito de Socorro a alguém que é do sul, como se eu pudesse dizer isso ao presidente ou a alguma autoridade do sul que vá fazer alguma coisa.

É pessoal, saio daqui com  a quase certeza de que em breve o Brasil irá diminuir de tamanho.
Um  grande abraço a todos.
Será que podemos fazer alguma coisa?

Mara Silvia Alexandre Costa

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